Consumo de adoçantes artificiais aumenta risco de doenças cardiovasculares, aponta estudo

foto reprodução assessoria

Cardiologista Valério Vasconcelos sugere moderação na ingestão do produto.

Os adoçantes artificiais existem há quase 150 anos (o primeiro foi descoberto em 1879, por acidente), mas um estudo recente aponta que tais produtos podem ser prejudiciais ao coração, oferecendo risco maior de desenvolvimento de doenças cardiovasculares a quem costuma consumi-los. Para saber um pouco mais sobre o tema, conversamos com o cardiologista e pesquisador Valério Vasconcelos, autor do livro “O coração gosta de coisas boas”.

Utilizados para substituir o açúcar em certas bebidas e alimentos, os adoçantes podem estar associados a um risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares, segundo a pesquisa “Adoçantes artificiais e risco de doenças cardiovasculares: resultados da coorte prospectiva NutriNet-Santé” (do original em inglês Artificial sweeteners and risk of cardiovascular diseases: results from the prospective NutriNet-Santé cohort).

“Tal estudo, realizado por pesquisadores franceses e publicado no dia 7 de setembro deste ano no British Medical Journal, mostra que os adoçantes artificiais, em particular o aspartame, o acessulfame K e a sucralose, estão associados a um risco maior de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e coronarianas. Esse mesmo estudo revela que quanto maior o consumo de adoçantes, maior o risco”, afirma o cardiologista Valério Vasconcelos. “Os resultados também sugerem não haver benefício algum da substituição de adoçantes artificiais por açúcar em relação aos riscos de doenças cardiovasculares. Ou seja, adoçantes sintéticos não são uma alternativa saudável ao açúcar”, acrescenta.

O cardiologista cita alguns dos principais efeitos adversos decorrentes de maior uso de adoçantes artificiais. “Além de abrir o apetite por doces e causar uma compulsão por carboidratos, alguns adoçantes podem alterar a pressão de hipertensos, favorecer o acúmulo de toxinas no fígado e causar dor de cabeça bem como alterações de humor”, revela.

Aspartame é o adoçante sintético mais nocivo

Indagado se algum tipo de adoçante oferece maior risco, Valério Vasconcelos revela que o aspartame é o principal vilão da saúde nessa categoria. “Apesar de ser considerado hoje o adoçante sintético mais nocivo, o aspartame é também um dos mais consumidos, principalmente por estar presente em muitos alimentos diet”, comenta o especialista.

Para quem tem como hábito adotar adoçantes artificiais nas refeições, o cardiologista prega o comedimento “Enquanto ainda desconhecemos todos os riscos que os adoçantes artificiais apresentam contra o organismo humano, a regra é a mesma para toda dieta saudável: moderação, evitando o consumo excessivo e dando preferência a alimentos naturais ou minimamente processados”, orienta Vasconcelos.

Conforme o médico e pesquisador, a dose máxima de consumo de cada substância adoçante tem como base a IDA (Ingestão Diária Recomendada) da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e deve constar da tabela nutricional, na embalagem do produto. “Por isso, é tão importante criar o hábito de ler rótulos e se informar sobre os alimentos que ingere”, explica.

Por fim, Valério Vasconcelos destaca que tanto o adoçante quanto o açúcar, em excesso, fazem mal. “Uma boa dica é ir reduzindo progressivamente o consumo do produto, para que o paladar se acostume aos poucos. Que tal começar colocando algumas gotas a menos de adoçante no seu café? Ou até mesmo consumir frutas no lugar de doces após as refeições? Elas possuem frutose, que é um açúcar natural, e ainda contêm uma série de outros nutrientes positivos para o corpo”, sugere o especialista.

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