Mulher disse a mototaxista que sacola tinha lixo. Suspeita foi liberada após depoimento, mas deve responder por aborto provocado e ocultação de cadáver.
Uma mulher de 28 anos é suspeita de provocar um aborto com chá e pagar R$ 4 para um mototaxista jogar o feto, dentro de um saco plástico, debaixo de uma ponte, no município de Patos, no Sertão da Paraíba, no domingo (3).
De acordo com a delegada que atendeu ao caso, Silvia Alencar, a delegacia foi informada, na tarde de terça-feira (5), que uma equipe da Polícia Militar estava na Central de Polícia com uma mulher detida suspeita de provocar um aborto e que o feto teria sido encontrado embaixo de uma ponte.
As equipes de perícia da Polícia Civil e do Instituto de Medicina Legal (IML) foram até o local onde o feto havia sido deixado.
Segundo a delegada, a suspeita prestou depoimento e confirmou que havia praticado o aborto e pedido para que o feto fosse descartado.
“Ao ser ouvida, ela informou que estava passando por problemas emocionais e psicológicos, faz uso de medicamentos e é atendida nos serviços de atendimento às pessoas com problemas mentais aqui na cidade. Ela disse que sentiu uma dor na noite do domingo, tomou um chá, abortou e deixou o feto enrolado com uns panos na sala de casa”, explicou a delegada.
Ainda conforme o relato da suspeita à polícia, “na manhã de terça-feira, ela chamou um mototaxista conhecido da família e pediu para que ele levasse uma sacola com o conteúdo que ela dizia ser lixo, pagando a ele a quantia de R$ 4 pelo serviço”.
A mulher teria informado à família que havia perdido o bebê na maternidade da cidade, porém, os familiares foram até a unidade de saúde e comprovaram que ela não havia sido atendida. “Começaram a desconfiar, viram panos sujos de sangue na casa dela e colheram algumas informações, que acabaram chegando até o mototaxista. Ele confirmou a situação de que jogou um saco de lixo com mal cheiro”, disse.
Os familiares foram até a ponte e encontraram o feto em avançado estado de putrefação. A delegada também explicou que a mulher foi ouvida e em seguida liberada, por não ter sido presa em flagrante.
“Assim o caso foi finalizado como o crime de aborto provocado e de ocultação de cadáver, mas tendo em vista a inexistência do flagrante, porque o aborto aconteceu no domingo e nós ainda necessitávamos de outras provas da ocultação do cadáver, ela foi liberada”, disse.
Durante o depoimento, a mulher ainda apresentava febre e chegou a expelir os restos placentários na delegacia. Segundo Silvia, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi solicitado, mas a mulher se negou ao atendimento.